As mudanças no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) dividiram opiniões. As provas deste ano serão aplicadas em dois domingos seguidos, nos dias 5 e 12 de novembro, e não mais em um único fim de semana. Além disso, na edição deste ano, a prova de redação será no primeiro dia, junto com as questões de linguagens e ciências humanas. O segundo dia de aplicação será das exatas, com matemática e ciências da natureza.
As mudanças foram feitas com base em consulta pública realizada pelo Ministério da Educação (MEC). Cerca de 600 mil pessoas participaram da consulta, que ficou disponível no período de 18 de janeiro a 17 de fevereiro. Dentre os participantes, 42,3% disseram preferir a prova em dois domingos seguidos; 34,1%, no domingo e na segunda-feira – sendo segunda feriado; e, 23,6% optaram pela manutenção do formato até então vigente, aplicação em um final de semana, no sábado e no domingo.
O professor de português Marcelo Freire, do Colégio Único, em Brasília, estava em sala de aula quando as mudanças foram anunciadas. Ele aproveitou para discutir as alterações com os alunos. “Eles estão muito divididos”, disse Freire.
Segundo Freire, a aplicação em dois domingos tem prós e contras, mas, no geral, deverá beneficiar os estudantes. “Tem-se um dia de desgaste e, depois, uma semana para a próxima aplicação. Não tem mais essa questão de domingo estar esgotado após um sábado de prova. O estudante poderá se organizar e fazer a prova com mais tranquilidade no próximo domingo”, avaliou o professor.
Freire também elogiou a nova distribuição das provas. No primeiro dia, o foco será em humanidades e redação e, no segundo, em exatas. Até o ano passado, os estudantes faziam, no primeiro dia, as provas de ciências da natureza e ciências humanas. No segundo, as provas de matemática, linguagens e redação. “A aplicação das provas de redação e matemática no mesmo dia sempre gerou problemas com o tempo. As questões de matemática exigem tempo, e a redação, também. A mudança é positiva nesse sentido. Vai ter mais leitura no primeiro dia, vai, mas tem a vantagem de não ter cálculo. No segundo dia aumenta cálculo? Aumenta, mas o estudante não terá que fazer a redação”, pondera.
Segundo o professor, os estudantes terão que mudar também a preparação. “O bom aluno é treinado para fazer questões casadas. No ano passado, fazia questões de matemática e português, porque as provas eram juntas, agora terá que treinar fazer questões de humanidades juntas e de exatas juntas”. Sobre a semana de intervalo entre as provas, Freire aconselha que ela não seja usada para o descanso, mas para a revisão das disciplinas de exatas. “Descanso para o estudante, só quando passar na universidade”, conclui Freire.