O Dia Mundial do Livro é comemorado em 23 de abril. Escolhida pela Unesco em 1995, a data tem como objetivo incentivar a leitura, prática cada vez mais distante da realidade brasileira. Para ter uma ideia do baixo índice de leitores no país, os últimos dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada em 2012, mostram que os brasileiros estão lendo menos: 95,6 milhões, registrada em 2007, para 88,2 milhões, com dados de 2011. O índice representa uma queda de 9,1% no universo de leitores, ao mesmo tempo em que a população cresceu 2,9% neste período. Em vez de ler, os brasileiros estão trocando o hábito por atividades como ver televisão, assistir a filmes em DVD, reunir-se com amigos e navegar na rede de computadores por diversão.
Principalmente entre as crianças e adolescentes, disputar o gosto pelo livro com jogos ou redes sociais não é uma tarefa fácil. É preciso sabedoria e atenção na hora de estimular o prazer pela leitura. “Para que a criança ou o adolescente goste de ler, antes de tudo, o livro deve fazer parte do seu dia a dia. Para isso, é importante permitir seu acesso, visitar livrarias, bibliotecas e gastar algum tempo nesses locais, sem pressa, para que os jovens possam escolher uma leitura atraente, interessante, e, sempre que possível, indicar sugestões”, orienta Pedro Galas, coordenador da equipe de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental do Colégio Galois.
Para o professor, o ideal é deixar que a leitura seja motivada por aquilo que os leitores realmente gostam. “Ler é importante para a vida em sociedade, para o avanço nos estudos, para a construção de uma carreira. Mas quando se trata do gosto pela leitura, não podemos forçar ninguém. É preciso descobrir esse prazer sozinho. Cabe a nós, adultos, permitir que ela aconteça, mas nunca obrigar, porque senão ela fica chata. E quando a leitura não for produtiva ou não agradar, a solução é simples: por que insistir em um livro chato, quando há tantas obras interessantes para lermos? Ler tem que ser um prazer e não uma obrigação”, explica Pedro.
Galas ressalta ainda que incluir a leitura numa rotina diária facilita, em muito, o desenvolvimento dessa habilidade. “Quanto mais se lê, mais fácil fica. Comece estabelecendo uma quantidade mínima de páginas pode dia, ou estipule um tempo determinado. Com isso, cria-se um ritmo de leitura, faz com que os livros sejam devorados mais rapidamente, dando oportunidade a outras e novas leituras”, garante o professor. Ele ressalta que a internet também pode ser uma ferramenta poderosa nesse sentindo, desde que o conteúdo seja apropriado. “Os pais devem acompanhar a leitura, elogiar o desenvolvimento, enfim, se colocar sempre ao lado do filho, mostrando interesse pelo que ele está lendo. Isso é fundamental para a formação de um futuro leitor”, acrescenta
Tornar a leitura interessante em um mundo tecnológico é também o desafio de Camilla Osiro (foto), professora de Literatura do ensino médio do Galois. “Em vez de ficar batendo na mesma tecla, falando que o livro é sempre melhor que todas essas opções, eu tento mostrar que as histórias que eles vêem em novelas, filmes ou seriados são tão interessantes quanto as que têm no livro. Se antigamente não existia essa grande variedade de comunicação, eram eles a grande fonte de entretenimento”, defende Camilla. Para estimular a leitura dos clássicos, por exemplo, a professora usa a criatividade em cena com toques de drama, suspense, humor e romantismo. “Eu não só conto a história como também enceno e incorporo as personagens. Faço entonação de voz, destaco o drama, os diálogos, mudo a postura… É encenação pura. Um verdadeiro espetáculo. Os alunos participam, batem palmas e entram na história. Isso ajuda muito a memória visual e, com certeza, desperta o interesse do leitor. Tenho vários casos em que os estudantes saem da sala de aula e vão direto para biblioteca ou livraria ler a história completa. Quando conseguimos este resultado, esta motivação, é fascinante”, conclui Camilla.