A revista Ensino Superior Unicamp publicou um ótimo artigo da tese de doutorado do professor Serigne Ababacar Cisse, que buscou estudar o professor estrangeiro, no seu perfil, suas dificuldades, suas contribuições e desafios para a permanência e reconstrução das práticas didático-pedagógicas e para a atuação como profissional docente.
Tendo a Universidade de Brasília (UnB) como universo de pesquisa, o professor explica que o Brasil tem um grande número desses profissionais nas universidades públicas brasileiras, principalmente nos últimos dez anos. Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira/Inep-MEC (microdados do censo do ensino superior do ano de 2011) serviram de base para localizar esses docentes. Depois, aplicaram-se questionários a 37,2% das nacionalidades presentes (19 das 51 nacionalidades), correspondendo a 7,6% de uma população de 250 professores, além de entrevistas semiestruturadas, consulta a documentos disponibilizados nas IES e em outros locais (sites web das faculdades, sites pessoais).
A análise qualitativa e o tratamento estatístico dos dados revelaram que os professores estrangeiros encontrados na UnB são originários na sua maioria dos países da América Latina e da Europa, declaram-se brancos ou pardos, têm títulos de doutor, trabalham em regime de dedicação exclusiva e atuam no ensino, pesquisa e extensão. Os docentes encontram grandes dificuldades de adaptação em seus locais de trabalho, por causa da falta de mecanismos de socialização e de auxílio em suas práticas pedagógicas. De acordo com o pesquisador, é possível afirmar que o professor estrangeiro tenta sobreviver na universidade pública brasileira em meio a dilemas e contradições que vão desde inquietações culturais, alteridade e aceitação pelos alunos até sua própria integração na universidade e a busca permanente da religação das partes. No entanto, há de se notar a grande contribuição desses professores no que tange à inserção dos programas de pós-graduação onde atuam em altos patamares de qualidade – além da inserção internacional. O estudo foi orientado pelo prof. dr. Roberto Valdés Puentes.